sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Imprevisível


Descubra quem são os 20 homens mais ricos do mundo; as férias de luxo dos homens mais poderosos do país; o fenómeno gangnam style que vence todos os records ou as cinquenta sombras de Grey, o evento editorial do ano!

Eis o que faz hoje manchete: os mais, os mais, os mais.

Se por um lado, acho deplorável essa cultura do recorde, por outro acho que se alimenta de um desconcerto interessante: se medias e investidores andam assim tão inquietos em saber quem são afinal os modelos a seguir é porque vivemos um período de profunda transformação a esse nível.

Dum ano para o outro, surgem diretamente da net os recordistas de vendas sem terem antes disso sido validados pela indústria e pelos seus colossais planos de meios. Vejam que a Lady Gaga até se dá agora ao luxo de só usar o seu tweeter como forma de comunicação, boicotando deliberadamente os media tradicionais.

E se querem que vos diga, faz muito bem.

Se eu já tive pena da comunicação social, cada vez menos tenho. Morram esses suportes generalistas sequiosos de ração para o gado. Nasçam projetos editoriais comprometidos e com assinatura.

Do lado dos investidores, quando falamos dos valores históricos atingidos pelo ouro, falamos de que quem tem hoje dinheiro para investir, compra châteaux em Bordéus, recursos energéticos, hotéis de luxo em Paris, vivendas na Quinta do Lago.... Nunca tanto como hoje, houve uma fuga aos produtos financeiros; de há muito que não se via tamanho refúgio nos bens tangíveis.

A imprevisibilidade é hoje a melhor imagem de marca da nossa época. Tornou-se aliás um desporto colectivo, o tentar prever o amanhã; nunca tanto se fizeram ouvir analistas de todos os quadrantes a quererem rivalizar com a Maya.

Agora eu questiono: não haverá aí análise a mais e criação a menos?

Mais do que querer perceber qual a receita para o sucesso, quiçá fosse preferível ensinar os nosso filhos a não terem medo de sujar as mãos quando brincam; e sabem que mais, o bom da coisa, é que ao viver num mundo imprevisível, nunca é tarde de mais porque tudo passa a ser possível. 

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