sexta-feira, 23 de novembro de 2012

O ponto P


Aviso que este é um texto impudico... Mas está na hora de voltar a escrever aqui de modo livre e liberto, esquecendo que eventuais leitores me possam conhecer.

Passa-se que como tem sido aqui aflorado, atravesso um período de refinamento pessoal.  Não é de todo confortável, especialmente quando não existe por detrás uma rotina de vida sólida e estável.  Mas tenho-me aguentado às ondas e no meio deste soltar de amarras, surgiram umas surpresas interessantes.

Uma delas nasceu de uma massagem que se queria ayurvédica e que se revelou tântrica. Seguiram-se outras e com elas foi nascendo a consciência interior de um corpo: o meu.

Sempre ouvi dizer que homens e mulheres são diferentes nomeadamente na forma como se entregam sexualmente. E concordo, sendo que a ideia é o prazer masculino ser o fruto de uma ligação quase que direta entre a cabeça e o genital enquanto a mulher mobiliza todo o seu corpo quando se livra sexualmente.

Eu revejo-me nessa caricatura masculina embora confesse que esta recente descoberta tântrica me tenha quase que obrigado a repensar esses fundamentos. Tenho sentido, quiçá pela primeira vez, o meu corpo como um todo.  E note-se que quando falo em todo refiro-me nomeadamente aos pés, joelhos, mãos, próstata, pénis, cabeça, boca...  Tudo.

Desengane-se quem estiver a pensar que este é um processo passivo. Não. Esse todo requer um relaxar profundo mas acompanhado de uma consciência também ela mais profunda. São coisas estranhamente compatíveis na verdade; tal como é verdade que esta viagem interior tem-me confrontado de um modo muito claro às inibições que definem a masculinidade.

É engraçado reparar que a natureza foi brindar o corpo masculino de uma das suas zonas mais erógenas bem no meio do corpo: refiro-me à próstata: para quem não sabe, a mesma encontra-se por debaixo dos testículos, a cerca de quatro centímetros do ânus.

Este é o equivalente ao tão afamado ponto G feminino.

É interessante fazer aqui este aparte só por se tratar anedoticamente da zona mais proibida do corpo masculino. Reparem que ao situar-se a somente quatro centímetros do ânus, qualquer casal heterossexual poderá incluir na sua vida intima a exploração do dito ponto P.  Não é, como tal, um prazer exclusivo de homossexuais.  A questão está mais nos eternos tabus que rodeiam a imagem de um homem a sentir prazer expondo as suas zonas mais vulneráveis.

Deve haver aqui algo de profundamente animal uma vez que é reflexo de qualquer bicho, vejamos o caso do cão, o recolher a cauda mal apanha um susto; isso, como forma de também ele esconder o recto por onde são libertas as feromonas que denunciam o estado de medo.  Por isso, explorar o ponto P pode aqui equivaler a explorar o prazer que existe depois de aprendermos a baixar as defesas e neste caso, as barreiras culturais.

Mas, voltando aqui ao prazer tântrico convém sublinhar que o mesmo resulta de uma vivência holística.  A ideia está mesmo em sentir o corpo como um todo; o que só por si já é uma viagem surpreendente.  Digam-me qual o sentido de, numa massagem convencional, a única zona que se mantem tapada ser a da cueca; logo no sítio onde está concentrado o maior número de terminações nervosas.

Portanto não fiquem a pensar que o tântra está especialmente concentrado nesta zona; apenas a integra como parte central do corpo que é. 

Em tempos de crise, é bom saber que transportamos em nós reservas infinitas de prazer e aprendizagem. 

2 comentários:

  1. Eu descobri esse "ponto P", mas devo dzer-te que alguns homens não admitem sequer essa zona, pois ainda não ultrapassaram a barreira cultural.

    (É segredo.)

    :)

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  2. Nem tudo é para ser dito, desde que o segredo seja vivido :)

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