segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Déjà vu


Um dia, gostaria de fazer um filme.

Se fosse hoje tratar-se-ia de um reencontro entre dois antigos amantes.

Este meu filme brincaria com os tempos em forma de loop.
Uma mesma cena inicial voltaria o dar o ding dong das horas grandes,
como que para despertar o tic tac dos minutos pequenos
E tanto poderia levar-nos para cenários futuros como pôr-nos a andar às arrecuas.
O foco estaria nos pormenores: ora irrelevantes ora irreversíveis.
Os diálogos seriam escassos e o silêncio não seria vestido com música.
Seria um filme desprovido de moralidade ou verdade;
Um elogio ao acaso, às coisas frágeis e improváveis.
Este meu filme viveria ainda do carácter contraditório das vontades.
As mesmas personagens ora seriam despreocupadas ora obsessivas.

E ao final, o espectador sairia seguramente cheio de dúvidas;
o que faria com que não fosse um filme muito apreciado,
a não ser por aqueles que preferem a questão à resposta.

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